Sentia saudade. E a sentia como a pior dor todas as noites antes de pegar no sono. Mas não era saudade de ver, abraçar ou conversar com alguém, era aquela saudade que te faz lembrar como tudo foi bom e como sempre será – mesmo que só em seus pensamentos.

Não era um sentimento que a fizesse querer viver tudo que já viveu mais uma vez, era apenas a saudade de um tempo bom que não voltaria, mas que nem por isso seria esquecido. Aquele abraço jamais seria esquecido. A cor daquele céu, rosado, também não. O jeito que a brisa lhe tocara o rosto naquele dia que tudo parecia diferente. Aquela amiga que sempre será amiga. Aquela briga que lhe arrancou lágrimas. Aquele uniforme azul que lhe fazia parecer um moleque. Até mesmo a coxinha com coca-cola nos intervalos, às dez da manhã. As viagens, as músicas, os perfumes, os sorrisos, as vozes, o brilho dos olhos. Os quatorze, dezesseis e dezoito anos. As festas, as bebidas, as luzes. As conversas, os silêncios, os olhares.

Cada momento pertence apenas ao seu tempo. E a falta seria guardada para as noites caladas e vazias em que seu coração pudesse lembrar o quão bom foram todos eles.

Pink ~ Sober